Você não tem mais idade pra isso! Uma frase que explica bem o etarismo, uma discriminação contra pessoas com base em estereótipos associados à idade. Para aqueles que achavam que dizer uma frase como essa era apenas uma demonstração de cuidado, atenção. Esse tipo de preconceito costuma se mostrar nas mais diferentes formas de abordar um idoso.

O etarismo se apresenta através de percepções inadequadas com relação à autonomia do idoso, principalmente ao subestimar a sua capacidade de decisão, julgamento ou opinião.

De acordo com um relatório feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas no mundo já sofreu uma ação discriminatória. O que muitos não sabem, é que essa atitude possui a capacidade de piorar a saúde física e mental da pessoa.

Chegar aos 50 anos com saúde e disposição é um privilégio. Mas ouvir frases de discriminação, é uma infeliz realidade que começa a fazer parte do cotidiano de muitos idosos.

 

A discriminação por idade é mais forte do que se imagina

O relatório organizado pela OMS faz parte de uma campanha realizada para combater estereótipos e aumentar a discussão sobre o assunto. Para isso, foi feita uma pesquisa com mais de 80 mil pessoas de 57 países.

Ao olhar para os dados no Brasil, o etarismo começa antes mesmo das pessoas chegarem na terceira idade. 16,8% dos brasileiros com mais 50 anos, já foram vítimas de algum tipo de discriminação por estar envelhecendo.

Envelhecer é um processo natural pelo qual todos nós vamos passar. E mesmo cientes disso, muitos discriminam as pessoas de mais idade, como se elas fossem incapazes ou até mesmo, inferiores. E é exatamente isso que caracteriza o etarismo.

Em alguns casos, o preconceito pode vir em formas de frases, que caracterizam muito etarismo, como:

  • Você está velha demais para usar esta roupa;
  • Vai começar a estudar nessa idade;
  • Que ideia de velho;
  • Isso é coisa de gente velha;
  • Nossa, você está ótima nem parece ter a idade quem tem;
  • Mudar de país / cidade é para jovem, você devia descansar;
  • Se você se separar com esta idade, vai ficar sozinho o resto da vida.

Subestimar o envelhecimento é negar o próprio futuro

Acreditar que a idade é um fator limitante afeta a saúde física e mental da pessoa na terceira idade. O estereótipo gera um sentimento de inutilidade, o que leva ao afastamento do convívio social. Consequentemente, vem a solidão o que compromete significativamente a qualidade de vida.

Se excluir do convívio com a sociedade afeta a saúde mental e física de qualquer pessoa em qualquer idade. Agora, imagina fazer isso com uma pessoa simplesmente pelo fato dela ter envelhecido?

O etarismo contribui para a baixa estima, sentimentos de desamparo, desvalorização e até depressão. E não para por aí.

Além dos problemas mentais, o etarismo também está associado à morte precoce, já que ele provoca a piora das condições de saúde de uma forma geral. Quando uma pessoa na terceira idade é discriminada, ela tende a se excluir da sociedade o que aumenta comportamentos de riscos, que podem favorecer o aparecimento de doenças.

De acordo com pesquisa da MDPI é uma editora de revistas científicas de acesso aberto, aponta que os idosos que sofrem preconceito por sua idade, ficam mais suscetíveis às doenças crônicas como as cardiovasculares, artrites, isso sem falar que também acelera o declínio cognitivo, o que aumenta o risco de demências.

O etarismo está enraizado na sociedade

O preconceito com a terceira idade se manifesta pela forma como a sociedade pensa. E isso acontece porque os estereótipos com relação ao envelhecer, não são nada positivos.

Durante muitos anos os idosos foram considerados dependentes, frágeis, incapazes e sinônimo de senilidade. E tudo isso, contribuiu para fortalecer o etarismo que foi interpretado de forma extremamente errada, como um estudo global de fragilidade, perda da sua independência e autonomia.

Envelhecer é processo que traz desgastes naturais, que varia de uma pessoa para outra. E os idosos não são todos iguais. É preciso mudar a forma de pensar e parar de associar que ser velho é ser uma pessoa triste e dependente, o que nada tem a ver com a realidade da terceira idade, em especial no Brasil.

É preciso conscientizar sobre a importância dos idosos na sociedade, para isso é fundamental que essa mudança comece dentro de casa, com os próprios familiares.